quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Deixo assim

É incrível como tem certas coisas que você teima em saber, coisas que a curiosidade torna quase insanas quando são descobertas perdem o valor. Ou assustam, bate aquele arrependimento. às vezes é melhor a certeza do talvez, enquanto há uma mínima possibilidade de não ser verdade, quando ainda dá pra fantasiar que é uma ilusão da sua cabeça, falha de memória ou então um pesadelo que parece real.
A vida tem dessas coisas. Há certos momentos e sentimentos que são melhores subentendidos.
Não sei porque mas as pessoas acham que com a maturidade você tem o direito ou dever de saber de algumas coisas, na real, eu queria que todos soubessem que eu ainda prefiro a pureza das crianças. A inoscente ignorância dos pequenos, e guardo em mim o que um dia já fui porque para poucos eu ainda consigo o ser. Aquela menina meio nervosinha, mas cheia de meiguice e sonhos, a garotinha gorducha mas bem doidinha, sem vergonha, feliz! Para poucos, muitoo poucos, hoje não saberia dizer quem consegue despertar esse meu lado.
É por isso que algumas pessoas me ferem encerrando velhas ilusões, esclarecendo velhas dúvidas, sem eu nem mesmo perguntar. Eu sinceramente às vezes acredito que eu não sou daqui!
Deixo assim ficar subentendido...



"Pode até parecer fraqueza, pois que seja fraqueza então"

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Luz dos olhos

No meu último dia de viagem eu vi a cena que mais me encantou nesses 11 dias longe de casa.
Durante esse tempo meus olhos foram presenteados com a vista aérea da capital do país, com a beleza e inteligência da arquitetura do gênio Oscar Niemeyer.
Eu vi belos lugares, gente bonita, homens engravatados e mulheres bem vestidas. Vislumbrei o campo verdinho, lutando contra tantos dias sem chuva em Minas Gerais, vi uma cadelinha adotar quatro cãezinhos e os amar como se fossem seus. Vi uma filha sair mais uma vez de casa para tentar acertar os ponteiros da vida. Vi a beleza estonteante da Ópera de Arame, a histórica estrutura do museu ferroviário em Curitiba. Mas nada se compara a cena que me presenteou no retorno depois da prova.
O hotel ficava há vinte minutos do local onde realizei a prova do concurso (quem manda querer se hospedar no centro), e eu aguardava no terminal o segundo ônibus para completar o meu retorno, quando um casal - que a primeira vista me chamou atenção pelo estilo, ela com cabelo black power, colar de pedras e all star, e ele num estilo hip hop de vestir e andar, - passou por mim e me encantou pela simpatia, me abriram um sorriso, como um presente por eu estar ali no caminho deles. Por sorte os dois entraram no mesmo transporte que eu e sentaram-se a minha frente, naqueles bancos em que você fica de frente para o outro passageiro como se estivesse sentado à mesa com ele. Seria estranho, não fosse pela minha felicidade em vê-los ali, tão sorridentes e apaixonados. Mas o meu encanto por eles se deu mesmo quando percebi que se tratava de um casal de mudos, que se comunicavam através da língua dos sinais. Foi encantador perceber que mesmo com o que muitos chamariam de barreira, aquele casal se comunicava melhor do que muitos casais 'normais' por ai. Durante todo o trajeto eles conversaram e se entendiam muito bem, obrigada. Por tempo fiquei os observando, tentando entender sobre o que falavam, em vão é claro. Me senti envergonhada e tentei desviar o olhar, mas a luz dos olhos que unia os dois não me deixava fixar os olhos em outra paisagem se não a daquele lindo casal. Cheguei ao meu ponto final, assim como aquele era o ponto final da minha viagem, depois daquela cena eu queria congelar os olhos e pensar que a beleza está nos olhos de quem vê.

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Sem tradução

A julgar pelo número de posts que tenho feito ultimamente dá para perceber o meu estado de espírito. Eu não costumo postar nada aqui quando eu bem, quando estou feliz o meu tempo costuma estar esgotado e meus dias cheios demais para divagar sobre qualquer coisa.
Pois é, não estou bem. Sinto saudade, sinto falta, sinto dor, me sinto triste, vazia, sem esperança. Que triste dizer isso, com apenas 22 anos e é assim que me sinto, morta por dentro.
Sinto uma saudade que não sei exatamente do que é. Não é de alguém ou de algum momento. Talvez seja uma saudade de alguém que ainda não tive, de alguém que sempre quis ter. Não sei, mas eu sinto essa saudade. Todas as noites ela me dilacera sobre os meus lençóis tão engomadinhos pela minha mãe.
Todos os dias eu procuro não acordar, não por falta do que fazer, mas pelo mundo inteiro pra enfrentar.
Não estou reclamando da vida, apenas preciso dizer que não estou bem. Que por trás da carapuça bonitinha, alegre, que diz que está tudo bem, eu estou em ruínas. E faz tempo.
Eu sempre fui insatisfeita com a vida, dizia para mim que era melhor ser eternamente insatisfeita do que me acomodar. Ainda penso assim, mas estou cansada!
A vida só me dá trancos, só me derruba. Eu tenho conseguido me levantar, mas até quando?
Não posso dizer que estou sozinha nessa, de todas as possibilidades que tenho, 90% devo à minha família, amigos e pessoas queridas. Mas mesmo assim eu me sinto só.
Por isso, todas as noites enquanto essa angústia repleta de uma nostalgia do nada, de um passado que não tive, eu concluo que na verdade eu estou com saudade de ter um futuro. Saudade de ter alguém pra planejar, saudade de ter planos para mim. Aprendi com os tombos de 2010 a não fazer planos, e assim tem sido há meses. Sem planos, sem quedas. Mas isso tudo está me deixando louca, não consigo mais viver assim? Sem nenhuma perspectiva, sem um caminho.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Apenas batendo

Como diria Clarice Linspector "sou apenas um coração batendo no mundo", e apenas isso.
Mergulhada num mar de possibilidades e nenhuma certeza, eu sigo. Apenas sigo.
Talvez seja a falta do meu antidepressivo. Talvez seja a dieta. Talvez eu seja louca mesmo.
Só sei que eu não quero fazer nada. Preciso estudar mas não consigo. Preciso lutar mas já não encontro forças.
Sou só um coração, batendo e só. No meu mundo, no meu cenário imaginário. No meu quarto. No meu infinito particular.
Aqui me refugio das insanidades que me rodeiam. Da mania de falar da vida alheia que as pessoas têm na cidade. Aqui eu posso viajar, posso ler, posso sentir, posso vegetar. Renato Russo me entederia, "tenho quase certeza que eu não sou daqui".
Porém, não tranco as portas. Apenas as deixo encostadas. Talvez por medo de nunca mais conseguir as abrir e me libertar de tudo isso. Mas a verdade mesmo é que quero ser invadida. Quero que alguém me tome de mim, me leve embora, ou me mostre um caminho. Porque eu sinceramente não vejo um.
Caminhando sobre pedras pontiagudas eu  firo meus pés. Saltando nuvens nos meus sonhos eu firo meus ideiais. Vou brincando, vou andando, vou seguindo. Assim quando me perguntam como eu estou posso dizer que estou indo. Sigo em frente e só.
Houve um dia em que eu escrevi que de tanto não esperar nada da vida um dia ela me surpreende. Assim espero.
Não é só um emprego que eu quero, é vida! Preciso de espaço pra viver. Preciso de um pouco de dinheiro, preciso de oportunidades. Mas por enquanto me mantenho aqui.
Por enquanto sou apenas um coração batendo no mundo.




(pelo menos podia ser no mundo de alguém né)