terça-feira, 24 de maio de 2011

Do jornalismo que eu nunca quis

Ah! Como de costume eu voltei quando estou na pior! Eu sempre tive alguns planos, sempre pensei grande, mas eu na verdade sempre fui pequena, uma sonhadora. Como diria meu querido Caio Fernando de Abreu: “Eu nunca tive porra de ideal nenhum, eu só queria salvar a minha vida, veja só que coisa mais individualista, elitista, capitalista, eu só queria era ser feliz cara, gorda, burra, alienada e completamente feliz”.
Eu não culpo ninguém pelos maus momentos que tenho passado na minha vida, foram as minhas escolhas que me trouxeram até aqui. Mas eu não posso negar que o jornalismo e essa vida fudida de jornalista nunca estiveram nos meus planos. Foi uma consequência, meus pais quiseram, eu não soube fazer diferente, não fui forte pra desistir quando podia e acabei assumindo o status de jornalista por formação. Grande coisa. Na verdade, grande merda, ninguém dá valor pra um diploma que o Gilmar Mendez comparou ao de cozinheiros. E que eu nunca quis. Mas enfim, agora eu sou mais uma jornalista de vida lascada, que trabalha num jornal do interior onde os salários são ainda piores que nas capitais e onde ser jornalista ou não, pouco importa para os donos dos jornais.
Dizem que todo jornalista tem seu dia deprê e imagino que por essa vida tirana que tantos sejam fumantes e grandes apreciadores do bom e velho wiski. Eu não sou fumante e nem ingiro doses diárias de álcool (pelo menos ainda não), mas sempre tive a saúde fraca e essa vida lascada ta me deixando ainda mais frágil.
Eu passei cada vez mais a acreditar que o que sentimos reflete na nossa saúde, sim, eu vivo constantemente doente, tenho infecções urinárias que começaram a ser cada vez mais frequentes, como cada vez mais precariamente e só durmo tomando rivotril. Devem ser coisas comuns aos meus colegas de profissão.
Afinal, que profissão é essa que eu fui escolher? Se eu tinha tudo pra fazer qualquer outra coisa? Talvez a explicação seja a mesma para outra pergunta. Afinal porque eu, tão jovem, não largo tudo e mudo de profissão, faço o que sempre quis fazer e vou embora viver longe das tristezas interioranas e das ausências que aqui ficaram marcadas?
Alguém me diz porque diabos eu ainda não fui embora daqui? Porque eu me prendo num lugar que só me faz sofrer? Com gente que não valoriza meu esforço, não me dá méritos pelos meus resultados e nem muito obrigado sabe dizer?
Eu sou fraca, sou uma humana pequena a se arrepender, eternamente arrependida.