sexta-feira, 18 de março de 2011

No caminho das borboletas

Diz a parábola bíblica que o bom filho à casa torna. Pois bem, eu voltei! Depois de doze anos distante, muitas vezes nem tanto pois, Saldanha Marinho fica há poucos quilômetros, eu tornei a residir – em partes – na minha cidade natal, Santa Bárbara do Sul. Minha nova velha morada, meus velhos novos conhecidos e velhas novas histórias. É assim que me sinto.
Todos os dias eu me encaminho em direção ao meu trabalho, motivo pelo qual aqui estou, e revivo memórias da minha infância e pré-adolescência. A maior parte do trajeto de ida, eu faço pelo caminhódromo municipal, local que sequer existia nos meus idos nove anos de idade, mas onde hoje posso caminhar acompanhada de borboletas e versos. Foi ali que decidi que todos os dias no retorno para casa eu tentaria lembrar de pelo uma história vivida aqui e para isso decidi mudar o percurso. Quase sempre procuro passar por uma rua diferente, afinal cada uma delas guarda um segredo meu, uma brincadeira, um amiguinho, uma 'arte', uma parte de mim. Assim foi que eu sorri ao passar em frente à Casa da Amizade por lembrar das primeiras festinhas noturnas que frequentei, as junções da sétima série, as loucuras em parceria com a prima Cassiana, os primeiros beijos, a vergonha de dançar, as roupas estranhas que achamos lindas e os meninos bobinhos por quem sonhávamos.
Hoje mesmo, indo para academia (sim finalmente sai do sedentarismo!), passei pela famigerada rua do lazer. Ali eu cai meus melhores (ou piores, como quiserem) tombos, sejam eles de bicicleta, patins ou correndo mesmo. Ali eu tomava sorvete italiano na casinha da mônica, jogava vôlei e me escondia quando fugia da aula na 7ª série. Depois passei em frente à antiga casa da minha prima Cassiana, quantas 'artes' e brigas naquele lugar.
Passei pela minha primeira escola, quase igual ao que era antigamente não fosse pelos tons verdes que agora colorem suas paredes. Passei pelos trilhos, ou melhor pela subida dos trilhos e lembrei o sofrimento que era chegar ao topo de bicicleta e do quanto eu gostava de ler a placa que dizia: PARE, OLHE, ESCUTE.
Quando chego na casa da minha irmã penso que a rua Taquarembó nem existia naquela época, quanto mais a casa lilás de número 64.
São tantas lembranças que me deixam feliz todos os dias, me fazem esquecer por momentos da parte ruim do trabalho, da saudade da mãe, da solidão, pois os antigos amigos, lugares e aventuras me fazem companhia. Me deixo inundar por aquelas sensações juvenis, aqueles calores infantis e retorno para o caminho das borboletas.



E como não lembrar da música: “Eu voltei, pras coisas que eu deixei”.