sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Repressão

Faz muito tempo que eu espero uma boa oportunidade para reativar este blog. Mas é só olhar para o histórico de posts e perceber que este ambiente é feito das minhas mais profundas decepções, tristezas e dores.
Sou egoísta, não sei compartilhar alegrias. Só escrevo quando estou triste e ainda assim espero a tristeza tomar forma, ficar densa como a lama que eu pareço me enfiar quando estou deprimida.
O motivo que me traz hoje aqui até rima com este último adjetivo. Hoje não estou deprimida, estou reprimida. Não posso falar, não posso contar o que vejo, não posso gritar muito menos jogar tudo pro alto e fugir.
Outra palavra que rima perfeitamente nesse enredo de desilusões é oprimida. Talvez, no fundo, todas elas signifiquem a mesma coisa, a minha decepção com o que fiz da minha vida. Curta vida. Vinte e quatro anos e até hoje eu não fiz nada do que eu realmente pensei em fazer. Pensando bem, eu nunca soube direito o que fazer. Vou vivendo e as coisas vão acontecendo, as pessoas vão aparecendo e os planos nunca são concretos, meros sonhos.
O maior problema de tudo isso é não poder falar. Justo eu, sempre tão falante, agora sou obrigada a engolir as palavras, fingir sentimentos e distribuir sorrisos amarelos. É angustiante viver assim, refém dos meus pensamentos. Afogada nos argumentos engolidos, nos desejos escondidos. 

domingo, 26 de junho de 2011

Saudade



Dizem que saudade é a nossa alma dizendo para onde ela quer voltar. No meu caso é diferente, a minha saudade me diz para onde não retornar, quais caminhos não seguir, me lembra as dores eu já senti. Minha saudade é memória viva do que já se foi e não pode voltar. Minha saudade é memória viva do que eu já sofri. Caio Fernando de Abreu já disse: “Eu constantemente sinto saudade das coisas que perco, mas não as quero de volta. Já doeu uma vez.” E ainda dói, por isso é melhor seguir outros rumos, andar por outras terras, sentir outros gostos sem esquecer de onde vim para saber para onde não posso voltar.
Eu sempre fui assim, acho regressão voltar a trás. Se é pra seguir em frente que seja para evoluir, foi frustrante sair de Santa Bárbara do Sul aos 8 anos e ir para Saldanha Marinho, era regresso. Foi difícil sair de Santa Maria e ir para Frederico e quem diria, foi ruim sair de Frederico e ir para Santa Bárbara. Eu preciso de mais, eu mereço mais. É assim que eu sinto saudade. Sinto falta de pessoas que fizeram parte da minha vida, mas que não fazem mais parte dela. Sinto saudades apenas de quem um dia fez diferença. Da família, essa é covardia, eu sinto muita falta, mas sei que onde eu estiver os terei comigo, é diferente! É dolorido mas é confortante saber que se nada der certo eu terei sempre um abraço caloroso da minha mãe, um consolo do pai e o carinho dos irmãos.
Aos que torcem por mim, muito obrigado!

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Das lágrimas que molham minha face agora

Eu sempre fui crítica demais com tudo e sempre fui muito criticada por isso. Sempre me cobrei demais pelos meus erros e cobro os erros alheios, não os admitoo com a facilidade com que gostaria que os meus fossem aceitos.  Isso cada vez mais me persegue. Cobranças, são tantas!
Eu cobro resultados, tento mover montanhas, tento mostrar que sou melhor, que consigo. Mas sinceramente tem sido fustrante não ser reconhecida. Não ouvir obrigada, bom trabalho, era isso que queríamos. Quando me pedem algo e eu consigo corresponder, aguardo ansiosa pelo reconhecimento daquilo, pelo sorriso de quem teve seu pedido atendido, mas até agora tudo que recebi foram críticas, as mesmas que eu insisto sempre em dar sem ninguém pedir. Talvez eu deva parar, percebo, finalmente, que não é bom ouvir apenas a parte ruim da história, a parte errada.
Depois eu começo a chorar, a me sentir a pior pessoa do mundo porque talvez ainda não tenha dado o meu melhor, ai vou lá e dou. O que muda? Nada!
Mas aos poucos muda algo em mim, aos poucos eu me reconheço, eu colo um "obrigado" no espelho, é para mim, sim, eu mereço, eu progredi e fiz a minha parte.
Essas lágrimas são fruto da minha mania de autoflagelação, quando estou triste me permito ir ao fundo do poço, afundar mesmo, chorar e pensar que o mundo está contra mim, que a vida é uma droga e eu não mereço tanta ingratidão. Sabe por quê? Quando a tristeza passa eu coloco um sorriso na cara, bem maquiado com um batom rosinha e digoo para mim: - Sua boba, olhe em volta, quanta maravilha te cerca!

terça-feira, 24 de maio de 2011

Do jornalismo que eu nunca quis

Ah! Como de costume eu voltei quando estou na pior! Eu sempre tive alguns planos, sempre pensei grande, mas eu na verdade sempre fui pequena, uma sonhadora. Como diria meu querido Caio Fernando de Abreu: “Eu nunca tive porra de ideal nenhum, eu só queria salvar a minha vida, veja só que coisa mais individualista, elitista, capitalista, eu só queria era ser feliz cara, gorda, burra, alienada e completamente feliz”.
Eu não culpo ninguém pelos maus momentos que tenho passado na minha vida, foram as minhas escolhas que me trouxeram até aqui. Mas eu não posso negar que o jornalismo e essa vida fudida de jornalista nunca estiveram nos meus planos. Foi uma consequência, meus pais quiseram, eu não soube fazer diferente, não fui forte pra desistir quando podia e acabei assumindo o status de jornalista por formação. Grande coisa. Na verdade, grande merda, ninguém dá valor pra um diploma que o Gilmar Mendez comparou ao de cozinheiros. E que eu nunca quis. Mas enfim, agora eu sou mais uma jornalista de vida lascada, que trabalha num jornal do interior onde os salários são ainda piores que nas capitais e onde ser jornalista ou não, pouco importa para os donos dos jornais.
Dizem que todo jornalista tem seu dia deprê e imagino que por essa vida tirana que tantos sejam fumantes e grandes apreciadores do bom e velho wiski. Eu não sou fumante e nem ingiro doses diárias de álcool (pelo menos ainda não), mas sempre tive a saúde fraca e essa vida lascada ta me deixando ainda mais frágil.
Eu passei cada vez mais a acreditar que o que sentimos reflete na nossa saúde, sim, eu vivo constantemente doente, tenho infecções urinárias que começaram a ser cada vez mais frequentes, como cada vez mais precariamente e só durmo tomando rivotril. Devem ser coisas comuns aos meus colegas de profissão.
Afinal, que profissão é essa que eu fui escolher? Se eu tinha tudo pra fazer qualquer outra coisa? Talvez a explicação seja a mesma para outra pergunta. Afinal porque eu, tão jovem, não largo tudo e mudo de profissão, faço o que sempre quis fazer e vou embora viver longe das tristezas interioranas e das ausências que aqui ficaram marcadas?
Alguém me diz porque diabos eu ainda não fui embora daqui? Porque eu me prendo num lugar que só me faz sofrer? Com gente que não valoriza meu esforço, não me dá méritos pelos meus resultados e nem muito obrigado sabe dizer?
Eu sou fraca, sou uma humana pequena a se arrepender, eternamente arrependida.

sexta-feira, 18 de março de 2011

No caminho das borboletas

Diz a parábola bíblica que o bom filho à casa torna. Pois bem, eu voltei! Depois de doze anos distante, muitas vezes nem tanto pois, Saldanha Marinho fica há poucos quilômetros, eu tornei a residir – em partes – na minha cidade natal, Santa Bárbara do Sul. Minha nova velha morada, meus velhos novos conhecidos e velhas novas histórias. É assim que me sinto.
Todos os dias eu me encaminho em direção ao meu trabalho, motivo pelo qual aqui estou, e revivo memórias da minha infância e pré-adolescência. A maior parte do trajeto de ida, eu faço pelo caminhódromo municipal, local que sequer existia nos meus idos nove anos de idade, mas onde hoje posso caminhar acompanhada de borboletas e versos. Foi ali que decidi que todos os dias no retorno para casa eu tentaria lembrar de pelo uma história vivida aqui e para isso decidi mudar o percurso. Quase sempre procuro passar por uma rua diferente, afinal cada uma delas guarda um segredo meu, uma brincadeira, um amiguinho, uma 'arte', uma parte de mim. Assim foi que eu sorri ao passar em frente à Casa da Amizade por lembrar das primeiras festinhas noturnas que frequentei, as junções da sétima série, as loucuras em parceria com a prima Cassiana, os primeiros beijos, a vergonha de dançar, as roupas estranhas que achamos lindas e os meninos bobinhos por quem sonhávamos.
Hoje mesmo, indo para academia (sim finalmente sai do sedentarismo!), passei pela famigerada rua do lazer. Ali eu cai meus melhores (ou piores, como quiserem) tombos, sejam eles de bicicleta, patins ou correndo mesmo. Ali eu tomava sorvete italiano na casinha da mônica, jogava vôlei e me escondia quando fugia da aula na 7ª série. Depois passei em frente à antiga casa da minha prima Cassiana, quantas 'artes' e brigas naquele lugar.
Passei pela minha primeira escola, quase igual ao que era antigamente não fosse pelos tons verdes que agora colorem suas paredes. Passei pelos trilhos, ou melhor pela subida dos trilhos e lembrei o sofrimento que era chegar ao topo de bicicleta e do quanto eu gostava de ler a placa que dizia: PARE, OLHE, ESCUTE.
Quando chego na casa da minha irmã penso que a rua Taquarembó nem existia naquela época, quanto mais a casa lilás de número 64.
São tantas lembranças que me deixam feliz todos os dias, me fazem esquecer por momentos da parte ruim do trabalho, da saudade da mãe, da solidão, pois os antigos amigos, lugares e aventuras me fazem companhia. Me deixo inundar por aquelas sensações juvenis, aqueles calores infantis e retorno para o caminho das borboletas.



E como não lembrar da música: “Eu voltei, pras coisas que eu deixei”.

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Deixo assim

É incrível como tem certas coisas que você teima em saber, coisas que a curiosidade torna quase insanas quando são descobertas perdem o valor. Ou assustam, bate aquele arrependimento. às vezes é melhor a certeza do talvez, enquanto há uma mínima possibilidade de não ser verdade, quando ainda dá pra fantasiar que é uma ilusão da sua cabeça, falha de memória ou então um pesadelo que parece real.
A vida tem dessas coisas. Há certos momentos e sentimentos que são melhores subentendidos.
Não sei porque mas as pessoas acham que com a maturidade você tem o direito ou dever de saber de algumas coisas, na real, eu queria que todos soubessem que eu ainda prefiro a pureza das crianças. A inoscente ignorância dos pequenos, e guardo em mim o que um dia já fui porque para poucos eu ainda consigo o ser. Aquela menina meio nervosinha, mas cheia de meiguice e sonhos, a garotinha gorducha mas bem doidinha, sem vergonha, feliz! Para poucos, muitoo poucos, hoje não saberia dizer quem consegue despertar esse meu lado.
É por isso que algumas pessoas me ferem encerrando velhas ilusões, esclarecendo velhas dúvidas, sem eu nem mesmo perguntar. Eu sinceramente às vezes acredito que eu não sou daqui!
Deixo assim ficar subentendido...



"Pode até parecer fraqueza, pois que seja fraqueza então"

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Luz dos olhos

No meu último dia de viagem eu vi a cena que mais me encantou nesses 11 dias longe de casa.
Durante esse tempo meus olhos foram presenteados com a vista aérea da capital do país, com a beleza e inteligência da arquitetura do gênio Oscar Niemeyer.
Eu vi belos lugares, gente bonita, homens engravatados e mulheres bem vestidas. Vislumbrei o campo verdinho, lutando contra tantos dias sem chuva em Minas Gerais, vi uma cadelinha adotar quatro cãezinhos e os amar como se fossem seus. Vi uma filha sair mais uma vez de casa para tentar acertar os ponteiros da vida. Vi a beleza estonteante da Ópera de Arame, a histórica estrutura do museu ferroviário em Curitiba. Mas nada se compara a cena que me presenteou no retorno depois da prova.
O hotel ficava há vinte minutos do local onde realizei a prova do concurso (quem manda querer se hospedar no centro), e eu aguardava no terminal o segundo ônibus para completar o meu retorno, quando um casal - que a primeira vista me chamou atenção pelo estilo, ela com cabelo black power, colar de pedras e all star, e ele num estilo hip hop de vestir e andar, - passou por mim e me encantou pela simpatia, me abriram um sorriso, como um presente por eu estar ali no caminho deles. Por sorte os dois entraram no mesmo transporte que eu e sentaram-se a minha frente, naqueles bancos em que você fica de frente para o outro passageiro como se estivesse sentado à mesa com ele. Seria estranho, não fosse pela minha felicidade em vê-los ali, tão sorridentes e apaixonados. Mas o meu encanto por eles se deu mesmo quando percebi que se tratava de um casal de mudos, que se comunicavam através da língua dos sinais. Foi encantador perceber que mesmo com o que muitos chamariam de barreira, aquele casal se comunicava melhor do que muitos casais 'normais' por ai. Durante todo o trajeto eles conversaram e se entendiam muito bem, obrigada. Por tempo fiquei os observando, tentando entender sobre o que falavam, em vão é claro. Me senti envergonhada e tentei desviar o olhar, mas a luz dos olhos que unia os dois não me deixava fixar os olhos em outra paisagem se não a daquele lindo casal. Cheguei ao meu ponto final, assim como aquele era o ponto final da minha viagem, depois daquela cena eu queria congelar os olhos e pensar que a beleza está nos olhos de quem vê.