domingo, 18 de julho de 2010

Sou do tempo...

Eu sou do tempo em o primeiro homem negro foi presidente do Estados Unidos, do tempo da discórdia e da falta de compostura. Eu sou parte de uma história ainda não imaginada, ainda não sonhada, que apenas vai acontecendo.


Sou de uma geração que tem os olhos enuviados pela poeira do 11 de setembro, que viu uma nação sucumbir ao medo fragilizante. Sou da geração da Guerra do Iraque, das lutas tecnológicas e do não amor.

Eu vi Lula ser finalmente eleito Presidente, e o Brasil crescer economicamente ofuscando a decadência da política brasileira. Pois sou do tempo em que a ética morreu. Sou da época do mensalão, do dinheiro nas cuecas e da ascensão da corrupção. Sou do tempo em que Collor voltou à política e o Malluf virou bom moço.

Sou da geração do Airton Senna, do Tafarel, dos Ronaldinhos e outros Imperadores da vergonha. Eu vi o Brasil ganhar a Copa do Mundo em 94, mas lembro mais da decepção de 98. Eu vi o brasileirinho cair junto com a Daiane dos Santos e o Internacional ser campeão de tudo.

Não sou da geração coca-cola, somos a geração Red Bull, freneticamente ligada e alienada ao mesmo tempo. Somos uma geração de futuros alcoólatras, pessoas que só tem histórias para contar através do álcool. Quem não bebe fica em casa, quem não bebe fica sozinho. Sou de uma geração embriagada pela intolerância, pelo consumismo e individualismo. Sou da geração sabe tudo, do Google. Sou informação e sou informada.

Sou do tempo das amizades virtuais, dos amores casuais e das fantasias reais. Sou da geração que tira fotos para o orkut e não para o álbum de família.

Eu vi os Mamonas Assassinas, a Lapada na Rachada e dancei o Tchan.

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